30 agosto 2006

Jericoacoara

Nota:
Estes cavalos-marinhos continuam no seu habitat (manguezal) e têm grande importância para o equilíbrio da vida marinha na região.

http://www.floraefauna.com/noticias/291104_2.htm







(esta fotografia é dedicada a Virgínia Maria Holland porque a roubei indecentemente a um cd que me foi oferecido pela própria)

29 agosto 2006

Jericoacoara






28 agosto 2006

Jericoacoara



25 agosto 2006

Jericoacoara

24 agosto 2006

Jericoacoara







23 agosto 2006

Jericoacoara (Ceará)






22 agosto 2006

Paraíso na terra

Semana após semana tenho adiado a colocação no blog de fotografias dum local fantástico que visitei quando estive recentemente no Brasil. Por diversas vezes, ao olhar as imagens no meu visor não conseguia deslocá-las para o blog ou até para a impressora. Dissolvia-me nesses lugares de sonho e paralisava. Como se não quisesse que a lembrança do exótico e da natureza perturbadora escapasse para fora de mim. Não fazia sentido. Contudo, continuava a guardar as lagoas das praias de Jeri, a foz do rio Guriú, a variada fauna em liberdade, a soterrada Tatajuba com as suas dunas de areias brancas, o assombro da praia do Mangue Seco, os rostos luminosos das crianças índias, o bronzeado dos remadores de balsas, os caranguejos e os frágeis cavalos-marinhos que habitam nas margens lodosas do rio e a alimentar-me, solitariamente, da generosidade deste Parque Natural de incomparável beleza. Jericoacoara é um universo de sensibilidades em que o equilíbrio natural está muito bem preservado. Decidi, pois, romper a gruta sem tempo que é a minha memória e partilhar até ao final desta semana, este apelativo paraíso na terra.

(No regresso a Fortaleza e no pau-de-arara que me calhou por sorte até chegar à vizinha Jijoca, não foram os solavancos ou a poeira que me entrou nos olhos a causa das súbitas lágrimas)

18 agosto 2006

Sete


Ao dizê-lo, parece uma seta apontada ao coração.
Qualquer coisa de urgente e de fatal.
Como um sinal, um S.O.S. ao sensível.
É uma partida digital num voo sem cronómetro.
Nome de cão, motor de arranque numa avenida ou na própria vida.
É impossível pronunciá-lo de forma lânguida.
Quem o tentar, torna-se pedante ou ridiculamente redundante.
Há quem o escreva com um traço, na cumplicidade dum abraço.
E há também quem seja simples e na infância o faça livre.
Existe nele uma estranha humanidade.
Pertencem-lhe os maiores pecados.
Mortais e todos iguais segundo a carne.
Também é a vida do meu gato, só que ele não sabe.
Está velho e cada vez mais sábio.
E é o número da sorte, um segredo fechado num baralho.
Não é da bruxaria ou da má sorte.
Número mágico tatuado no meu corpo.
Imortal procura do divino.
Como o alquimista transformo o sonho em ouro.

16 agosto 2006

Sonho de uma noite de Verão


(recordando o Parador dos Jesuítas, Baturité, Ceará, Brasil, Abril/Maio 2006)



A rosa livre dos outeiros saltou de júbilo esta noite, e logo
as rosas dos canteiros, pelos jardins, umas às outras:

"Saltemos, com joelho ligeiro, por cima da grade, irmãs.
O regador do jardineiro não vale a névoa das manhãs."

E eu vi, na noite de Verão, de mil jardins saltando a grade,
as rosas indo em procissão atrás da rosa em liberdade!


Paul Fort (1872-1960)
(versões de poesia por Pedro da Silveira)


11 agosto 2006

Abaixo-assinado



Arde o norte, o centro e o sul. Onde estão os cannadair? George W. Bush e Tony Blair "salvam" o mundo duma catástrofe incendiária. A Scotland Yard cortou relações com Sherlock Holmes. Zapatero calça os sapatos nas areias das Canárias e toma o caminho da outra Santiago. Heathrow é uma sauna apinhada de terror. Margarida Reis, de 26 anos, foi incendiada pelo terrorista do marido em Alcobaça. Os políticos portugueses vão a banhos. As temperaturas sobem acima dos 40 graus e é preciso referendar o calor excessivo. Sócrates preocupa-se com investimentos empresariais e Lula é um petisco do atlântico. Emília Marques, de 53 anos, é alvejada pelo incendiário do marido em Mira de Aire. O mundo tornou-se um vulcão de fanatismos. Homem, reincidente em fogos postos o ano passado ateou, este ano, sete incêndios por tédio e fascínio pelas chamas. O crime ainda compensa. O 112 e o 117 não param de tocar. Ninguém está doente. O Médio Oriente é um anacronismo. A média diária de vítimas no Iraque é sempre na ordem das três dezenas. Os vivos não se contam. A comissão europeia é contra a discriminação dos fumadores. Sou fumadora e sinto-me lisonjeada. Anabela Azevedo, de 33 anos, foi esfaqueada em Mirandela pelo facínora do marido. As finanças estão umas mãos largas, tendo reembolsado já um valor superior a um milhão de euros aos contribuintes. Pena é que as taxas de juro voltem a engordar os porquinhos azuis das poupanças bancárias. Duas outras mulheres, sem nome, vítimas de agressão, ainda esta semana. Uma em Sintra, outra na Anadia. O Super-Homem regressa, em grande estilo, às salas de cinema portuguesas. É tão reconfortante ter um "bom" herói no plasma de todos os consensos...

09 agosto 2006

Prodígios da Natureza (IV)




(fotografias tiradas no Ceará, Brasil, Abril/Maio 2006)


Carnaúbas. Palmeiras típicas do Ceará. De porte altivo e sussurrando brisas, são leques esvoaçantes que abundam em quase toda a paisagem nordestina. Dificilmente passam despercebidas. No século XVIII, o naturalista Humboldt apelidou a carnaúba de "árvore da vida", devido às inúmeras finalidades desta interessante planta. Num dos meus passeios habituais, descobri uma numa moradia abandonada perto da Alameda Eça de Queiroz. Erguia-se solitária a um canto, num quintal lavrado de lixo e de odores pouco frescos. Guardiã de passados e testemunho vivo de longevidade que diferente seria a sua história se, a morada que lhe dá abrigo, fosse um imenso e ensolarado carnaubal.

http://www.seagri.ce.gov.br/carnauba.htm

04 agosto 2006

Verão Quente 2006

Há tempos ásperos. Arrancam-nos a pele sem nos apercebermos da queimadura interior que a luz mais vertical provoca. Tornamo-nos arquitectos dum espaço que não conhecemos, cinza dum incêncio imprevisto, sombra duma árvore à deriva. Com urgência, ungimo-nos de afectos, vasculhamos passados e coincidências, silenciamos alegrias, arrombamos gavetas à procura de analgésicos que suavizem o golpe dos dias e o sono das noites. Recortes de jornais, poemas, fotografias antigas, berlindes, sépia de memórias. O ruído do pensamento torna-se ensurdecedor, quebra rotinas de vidro, espalha nos olhos o caleidoscópio do caos. Desejamos o silêncio da mármore fria no brilho inclinado duma estrela. Uma terapia dos sentidos que nos massaje o ego e nos vacine contra o mundo. Cicatrizes. Uma varíola gravada no ombro, um tétano em queda de infância, um acidente de percurso. É no ventríloquo esquerdo que a ressonância desses tempos pulsa agora. Morde as palavras, reacende raivas. A ferida solar à qual estranhamente não escapamos é sazonal. Retorna com as marés, repleta de espumas ácidas e abandona-nos no areal insidioso duma ampulheta.