22 agosto 2006

Paraíso na terra

Semana após semana tenho adiado a colocação no blog de fotografias dum local fantástico que visitei quando estive recentemente no Brasil. Por diversas vezes, ao olhar as imagens no meu visor não conseguia deslocá-las para o blog ou até para a impressora. Dissolvia-me nesses lugares de sonho e paralisava. Como se não quisesse que a lembrança do exótico e da natureza perturbadora escapasse para fora de mim. Não fazia sentido. Contudo, continuava a guardar as lagoas das praias de Jeri, a foz do rio Guriú, a variada fauna em liberdade, a soterrada Tatajuba com as suas dunas de areias brancas, o assombro da praia do Mangue Seco, os rostos luminosos das crianças índias, o bronzeado dos remadores de balsas, os caranguejos e os frágeis cavalos-marinhos que habitam nas margens lodosas do rio e a alimentar-me, solitariamente, da generosidade deste Parque Natural de incomparável beleza. Jericoacoara é um universo de sensibilidades em que o equilíbrio natural está muito bem preservado. Decidi, pois, romper a gruta sem tempo que é a minha memória e partilhar até ao final desta semana, este apelativo paraíso na terra.

(No regresso a Fortaleza e no pau-de-arara que me calhou por sorte até chegar à vizinha Jijoca, não foram os solavancos ou a poeira que me entrou nos olhos a causa das súbitas lágrimas)