A E I U O
Vogais
A, negro, E branco, I rubro, U verde, O azul: vogais,
Hei-de um dia cantar vossa origem latente:
A, negro de um veludo onde o enxame fervente
Das moscas diga a podridrão, sombras letais;
E, tendas a alvejar, a névoa lactescente,
Brancos reis sobre a neve e lanceiros irreais;
I, sangue aos borbotões, riso em lábios mortais,
O vermelho da raiva ou de uma dor pungente;
U, vibração do mar nos verdes horizontes,
Paz dos pastos sem fim, paz das rugas nas frontes
Dos que sondam da ciência os íntimos refolhos;
O, supremo clarão em que estridulam brados,
E o silêncio em que passa um anjo, Aléns povoados,
_O, o Ómega, essa luz violeta dos seus Olhos!
Jean-Arthur Rimbaud (Mesa de Amigos)
A, negro, E branco, I rubro, U verde, O azul: vogais,
Hei-de um dia cantar vossa origem latente:
A, negro de um veludo onde o enxame fervente
Das moscas diga a podridrão, sombras letais;
E, tendas a alvejar, a névoa lactescente,
Brancos reis sobre a neve e lanceiros irreais;
I, sangue aos borbotões, riso em lábios mortais,
O vermelho da raiva ou de uma dor pungente;
U, vibração do mar nos verdes horizontes,
Paz dos pastos sem fim, paz das rugas nas frontes
Dos que sondam da ciência os íntimos refolhos;
O, supremo clarão em que estridulam brados,
E o silêncio em que passa um anjo, Aléns povoados,
_O, o Ómega, essa luz violeta dos seus Olhos!
Jean-Arthur Rimbaud (Mesa de Amigos)
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