10 março 2006

Estes campos que ladeiam a estrada nacional entre Estremoz e Portalegre arderam?
Não. Mas nem por isso deixam de ser campos de incêndio. Protejo-os aqui para a memória não ser traída pelas labaredas. Que os incendiários da loucura não se abatam sobre os frágeis regadios, nem sobre o tojo violáceo da nossa inocência perdida. Que os animais aninhados em sulcos na terra ou esvoaçando na aragem seca do azul encontrem um refúgio a tempo do nosso tempo. Que a quietude não se deixe enganar pelas sirenes do assombro e que uma língua imensa lamba de dentro para fora estes corpos sedentos.